Neurobiologia do TDAH: O Que a Ciência Revela Sobre o Transtorno
- contatopsicocompan
- 11 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de set. de 2024
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora os sintomas sejam bem documentados — como desatenção, hiperatividade e impulsividade — a compreensão de suas raízes biológicas ainda está evoluindo. Este post explora a neurobiologia do TDAH, destacando o que a ciência revela sobre o funcionamento cerebral das pessoas com esse transtorno.

Bases Neuroanatômicas do TDAH
Pesquisas com técnicas de neuroimagem, como ressonância magnética (RM) e tomografia por emissão de pósitrons (PET), têm mostrado que o TDAH está associado a alterações em várias áreas do cérebro. As áreas mais comumente envolvidas incluem:
Córtex Pré-Frontal: Responsável por funções executivas, como tomada de decisões, planejamento e controle de impulsos, o córtex pré-frontal é frequentemente menos ativo em pessoas com TDAH. Essa diminuição da atividade pode explicar a dificuldade em manter a atenção e a impulsividade característica do transtorno.
Tálamo: O tálamo atua como uma central de processamento e filtragem de informações sensoriais e está envolvido na regulação da atenção e no estado de alerta. Alterações no tálamo em pessoas com TDAH, como a redução de volume ou disfunções na conectividade com outras regiões cerebrais, podem prejudicar a filtragem de estímulos irrelevantes e a transmissão de informações para o córtex pré-frontal, contribuindo para a distração, a impulsividade e a dificuldade em focar em tarefas específicas.
Estriado: Parte do sistema de recompensa do cérebro, o estriado (que inclui o núcleo accumbens e o núcleo caudado) está relacionado à motivação e ao prazer. Alterações no funcionamento deste sistema podem contribuir para a busca de gratificação imediata e a dificuldade em esperar recompensas a longo prazo.
Cerebelo: Tradicionalmente associado ao controle motor, o cerebelo também desempenha um papel em processos cognitivos. Evidências sugerem que anomalias no cerebelo podem estar ligadas à desatenção e à dificuldade em coordenar o tempo e o ritmo de tarefas.
Neurotransmissores e TDAH
Os neurotransmissores são substâncias químicas que transmitem sinais entre as células nervosas no cérebro. No TDAH, há uma disfunção nos sistemas de neurotransmissores, especialmente a dopamina e a noradrenalina:
Dopamina: Este neurotransmissor é fundamental para o sistema de recompensa e prazer. No TDAH, há uma deficiência na transmissão dopaminérgica, o que pode levar à busca constante por estímulos e à dificuldade em manter a atenção em tarefas monótonas. Medicamentos estimulantes usados no tratamento do TDAH, como metilfenidato, atuam aumentando a disponibilidade de dopamina no cérebro.
Noradrenalina: A noradrenalina está envolvida na resposta ao estresse e na regulação da atenção. No TDAH, a disfunção no sistema noradrenérgico pode explicar a dificuldade em focar e a sensibilidade ao estresse.
Conectividade Cerebral
Estudos recentes sugerem que o TDAH pode ser visto como um transtorno de conectividade neural. Isso significa que, além das alterações em áreas específicas do cérebro, há também problemas na forma como essas áreas se comunicam entre si. Pessoas com TDAH frequentemente apresentam:
Conectividade Reduzida: Entre o córtex pré-frontal e outras regiões do cérebro, como o estriado e o cerebelo. Essa diminuição na conectividade pode levar a dificuldades na regulação da atenção e do comportamento.
Conectividade Aumentada: Em redes relacionadas à atividade em repouso, como a rede em modo padrão (default mode network). Isso pode contribuir para a tendência de "devaneio" ou distração excessiva em momentos que exigem foco.
Genética e TDAH
A neurobiologia do TDAH é, em grande parte, influenciada pela genética. Estudos com gêmeos e famílias mostram que o TDAH tem uma forte base hereditária. Vários genes relacionados à regulação dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina foram identificados como fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno. No entanto, o TDAH é um transtorno multifatorial, o que significa que tanto fatores genéticos quanto ambientais (como exposição a toxinas durante a gravidez ou traumas na infância) contribuem para sua manifestação.
Impacto do TDAH na Vida Diária
As alterações neurobiológicas associadas ao TDAH têm um impacto significativo na vida das pessoas. A dificuldade em manter a atenção, controlar impulsos e regular emoções pode afetar o desempenho escolar, profissional e os relacionamentos. Além disso, a compreensão da neurobiologia do TDAH é fundamental para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes, que podem incluir tanto intervenções farmacológicas quanto terapias comportamentais e educacionais.
Conclusão
A neurobiologia do TDAH é um campo de estudo em constante evolução, e as descobertas científicas continuam a iluminar como o cérebro das pessoas com TDAH funciona de maneira diferente. Compreender essas diferenças é crucial para desmistificar o transtorno, reduzir o estigma e oferecer tratamentos que realmente atendam às necessidades individuais. Se você ou alguém que você conhece vive com TDAH, saiba que o conhecimento sobre as raízes biológicas do transtorno pode ser uma ferramenta poderosa para gerenciá-lo de maneira eficaz e viver uma vida plena.
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